Reforma Religiosa

Introdução

Este trabalho tem o intuito de mostrar como foi a Reforma religiosa ocorrida a partir do final da Idade Média, onde a Igreja Católica entrou em crise e teve que aceitar uma nova igreja na sociedade medieval que é a Igreja Protestante.

A reforma religiosa

O processo de centralização monárquica, em andamento na Europa desde o final da Idade Média, tornou tenso o relacionamento entre reis e a igreja, até então detentora de sólido poder temporal. Assim, além do domínio espiritual sobre a população, os membros do clero detinham o poder político-administrativo sobre os reinos. Roma -isto é, papa- recebia tributos feudais provenientes das vastas extensões de terras controladas pela igreja em toda a Europa, e o advento dos Estados centralizados fez com que essa prática passasse a ser questionada pelos monarcas. Ao mesmo tempo, a expansão capitalista encontrava alguns entraves nas pregações da Igreja, que condenava a usura, ou cobrança de juros por empréstimos feitos, e defendia o "justo preço" das mercadorias, ou seja, produção e comercialização sem direito a lucro. A atividade bancária, por exemplo, estava comprometida, na medida em que os empréstimos a juros eram considerados pecado. Não encontrando mais na Igreja a satisfação de suas necessidades espirituais, os membros da burguesia enfrentavam uma crise religiosa. Dentro da própria Igreja, dois sistemas teológicos se defrontavam. De um lado, o tomismo, corrente predominante, especialmente assumida pela cúpula romana-papal, que vai no livre-arbítrio e nas boas obras o caminho para a salvação. Do outro, a teologia agostiniana, fundada no princípio da salvação pela fé e predestinação.

Sacro Império Romano-Germânico: A REFORMA LUTERANA

O grande rompimento iniciou-se na Alemanha, região do Sacro Império Romano-Gemânico. A Alemanha era ainda basicamente feudal, agrária, com alguns enclaves mercantis e capitalistas ao norte. A Igreja era particularmente poderosa no Sacro Império, onde possuía cerca de um terço do total das terras. A nobreza alemã, por essa razão, encontrava-se ansiosa por diminuir a influência da instituição, além de cobiçar suas propriedades, o que estimulou ainda mais o rompimento. A Reforma teve início com Martinho Lutero, membro do clero e professor da Universidade de Wittenberg. Crítico, pregava a teoria agostiniana da predestinação, negando os jejum e outras práticas comuns apregoadas pela Igreja. Em 1517, em Wittenberg, o monge insurgiu-se contra a venda de indulgências realizada pelo dominicano João Tetzel, escrevendo um documento, conhecido como As 95 teses, que radicalizava publicamente suas críticas à Igreja e ao próprio papa. Em 1520, o papa Leão X redigiu uma bula condenando Lutero, exigindo sua retratação e ameaçando-o de excomunhão. Queimando a bula em público, a reação de Lutero agravou a situação, ampliando suas conseqüências. Estabeleceu-se uma verdadeira crise política na qual a nobreza alemã dividi-se, em parte a favor, mas, em sua maioria, contra o papa. O imperador Carlos V convocou uma assembléia, a chamada Dieta de Worms, em 1521, na qual o monge foi considerado herege. Acolhido por parte da nobreza, Lutero passou a dedicar-se à tradução da Bíblia do latim para o alemão e a desenvolver os princípios da nova corrente religiosa. Mais tarde, em 1530, a Confissão de Augsburgo fundamentou a doutrina luterana. Seu conteúdo incluía:

· princípio da salvação pela fé, rejeitando o tomismo; livre leitura da Bíblia, vista como único dogma da nova religião (daí a importância de tê-la traduzida para o idioma do povo);

· supressão do clero regular, do celibato clerical e das imagens religiosas (ícones);

· manutenção de apenas dois sacramentos: batismo e eucaristia;

· utilização do alemão, em lugar do latim, nos cultos religiosos;

· negação da transubstanciação aceitando-se a consubstanciação; submissão da Igreja ao Estado.

Ao subordinar a Igreja ao Estado, Lutero atraiu a simpatia de grande parte da nobreza alemã, ampliando o apoio à nova doutrina. Entretanto, essas mesmas idéias serviram para inspirar a revolta camponesa dos anabatistas. Liderados por Thomas Münzer, camponeses viram na quebra da autoridade religiosa, uma possibilidade de romper com a estrutura feudal, passando a confiscar terras, inclusive da nobreza. Lutero, entretanto, condenou violentamente os anabatistas, pregando a utilização da força para exterminá-los. Repeliu também a burguesia, pois considerava o dinheiro um instrumento do demônio para a disseminação do pecado. Em 1529 reuniu-se a assembléia dos nobres alemães na Dieta de Spira com o Imperados Carlos V para tentar restringir a expansão da nova doutrina. Seguiram-se guerras religiosas que só foram concluídas em 1555, pela Paz de Augsburgo, que estabeleceu o princípio de que cada governante dentro do Sacro Império poderia escolher sua religião e a de seus súditos.

Suíça: A Reforma Calvinista

A Suíça separou-se do se do Sacro Império em 1499 e a Reforma protestante iniciou-se em seu território com Ulrich Zwinglio, que levou as idéias de Lutero ao país em 1529. Desencadeou violenta guerra civil, da qual ele próprio foi vítima. Pouco depois, chegou a Genebra o francês João Calvino, que logo passou a divulgar suas idéias, fundando uma nova corrente religiosa. Os fundamentos encontravam-se no princípio da predestinação absoluta, segundo o qual todos os homens estavam sujeitos à vontade de Deus, e apenas alguns estariam destinados à salvação eterna. O sinal da graça divina estaria em uma vida plena de virtudes, dentre as quais o trabalho diligente, a sobriedade, a ordem e a parcimônia (contenção nos gastos). Desta forma, a doutrina calvinista exaltava características individuais necessárias às práticas comerciais. Suas idéias, portanto, estavam mais próximas dos valores capitalistas. Calvino criticava o culto às imagens e admitia apenas os sacramentos da eucaristia e batismo. O calvinismo expandi-se rapidamente por toda a Europa, mais que o luteranismo, na medida que atendia às expectativas espirituais da burguesia. Assim, atingiu os Países Baixos e a Dinamarca, além da Escócia, cujos seguidores foram chamados presbiterianos.

A reforma na Inglaterra

A reforma foi desencadeada na Inglaterra pelo rei Henrique VIII (1509-1547), que obteve dividendos políticos com o processo. Tendo como pretexto a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, para casar-se com Ana Bolena, o monarca inglês rompeu com o papa. Em 1534 publicou o Ato de Supremacia, criando a Igreja anglicana, da qual era o líder. Excomungado pelo papa, reagiu, confiscando os bens dos membros da Igreja distribuídos pelo reino. Apesar de assemelhar-se externamente ao catolicismo, com a manutenção das imagens e do clero, o conteúdo da doutrina anglicana aproximava-se do calvinismo. Serviu aos interesses políticos do rei e às expectativas da burguesia e foi a seita puritana que mais buscou enfatizar os aspectos calvinistas da religião.

A Contra-Reforma e a Reforma Católica

A expansão do protestantismo pela Europa colocava a Igreja católica em crise, fazendo surgir a necessidade de conter a expansão reformista. Esse movimento recebeu o nome de Contra-Reforma, que incluiu a Reforma Católica. Embora já se tentasse há muito moralizar o clero e a Igreja, o impulso para isso só foi dado com a expansão protestante, e a reação católica ao protestantismo foi violenta, inclusive nos métodos. Em 1534, fundo-se a Companhia de Jesus, idealizada por Ignácio de Loyola, cuja organização se assemelhava a de um exército. Os "soldados de Cristo", como eram denominados os jesuítas, deviam cega obediência a seus superiores e ao papa, e as bases teóricas de suas ações encontravam-se num livro de Loyola, chamado Exercícios espirituais. Com a Companhia de Jesus, a Igreja católica ressurgiu fortalecida, disciplinada e moralizada. Os inacianos foram primorosos educadores, chegando a monopolizar o ensino em várias regiões, o que lhes garantiu a difusão do catolicismo. Chegaram a possuir tanto poder que o superior da ordem, que também comandava a Inquisição, era chamado de Papa Negro, devido a cor de sua batina. Em 1545, o papa Paulo III convocou o Concílio do Trento para estudar os problemas da fé não só entre os católicos. Embora teólogos protestantes também tenham participado do encontro, nenhum acordo feito, e o Concílio somente reafirmou os dogmas da fé católica, condenando as teologias protestantes. Confirmou o princípio da salvação pela fé e boas obras, o culto à Virgem Maria e aos santos, a existência do purgatório, a infalibilidade do papa, o celibato do clero, a manutenção da hierarquia eclesiástica e a indissolubilidade do casamento. Proibiu, por outro lado, a venda de indulgências e o determinou a criação de seminários para a formação dos eclesiásticos, impedindo a venda desses cargos, principal ponto da Reforma. Pelo Concílio de Trento, a Inquisição, instituição criada na Idade Média e também chamada de Tribunal do Santo Ofício, foi reativada. Em nome de Cristo e sob o pretexto de combater os hereges, a Inquisição condenou à tortura milhares de pessoas. Nessa época foi criado também o Índex, lista de livros proibidos pela Santa Igreja, que dificultou o progresso cultural e científico no mundo moderno. O Índex teve em sua relação, além de livros religiosos, como os luteranos e calvinistas, obras científicas e culturais de Maquiavel, Copérnico, Galileu, Newton e muitos outros. A lista era constantemente atualizada com novos títulos proibidos. O processo da Contra-Reforma não eliminou o protestantismo, mas conseguiu contê-lo, anulando as principais causas do movimento reformista. Além disso, os países em que a Contra-Reforma foi a mais atuante foram também as nações que deram início a expansão marítima e ao colonialismo. Dessa maneira, a fé católica - pregada pelos jesuítas - foi levada às novas terras, principalmente às americanas, ampliando a penetração da Igreja de Roma. O protestantismo no Novo Mundo ficou restrito à América do Norte, para onde foi levado para os ingleses no século XVII.

Vocabulário

Tomismo = é a teoria da promoção física, elaborada pelo dominicano espanhol Domingos Bañes, para conciliar a liberdade humana com a infalível eficácia da graça divina.

Agostiniano = são teses de Santo Agostino e de São Tomás de Aquino. Celibato = estado de pessoa que vive solteira e que não tem intenção de casar ou de não poder casar.

Transubstancição = transformação do pão e vinho no corpo e sangue de Cristo

Consubstanciação = pão e vinho representam o copo de Cristo

Anabatistas = pessoa adepta ao anabatismo.

Calvinismo = doutrina surgida em conseqüência da Reforma criada por João Calvino, e consistia na aceitação da predestinação e de muitas idéias de Santo Agostinho.

Anglicanismo = religião surgida como conseqüência da Reforma feita por Martinho Lutero. Teve início nas questões pessoais de Henrique VIII, rei da Inglaterra. Este, pedia a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, para casar-se com Ana Bolena. Rejeitada tal atitude pelo papa, Henrique VIII se revolta, proclamando-se chefe da igreja inglesa. É dessa forma que surge o anglicanismo, mesclado de Catolicismo, e Calvinismo.

Jesuítas = ordem religiosa fundada pelo espanhol Ignácio de Loyola, com a meta de combater as heresias e catequizar ou ensinar o povo menos civilizado. Foi fundada em 1534, mas só foi aprovada em 1540, pelo papa Paulo II. Criaram o ensino secundário e clássico, que ainda hoje beneficia quase todos os países do mundo.

Dieta de Espira (1526-1529) = documento que permitia admissão do Luteranismo na Alemanha, com exceção dos Estados Católicos.

Personalidades da Reforma:

Tetzel: dominicano enviado à Alemanha, pelo papa Leão X.. Tinha a missão de pregar as indulgências, ao mesmo tempo arrecadar fundos para alguns reparos na Basílica de São Pedro. Desentende-se com Lutero que acha aquilo absurdo. O ato de Tetzel é que leva Lutero a fazer a Reforma.

Lutero, Martinho (1483-1546): Filhos de pais humildes nasceu em Eisleben na Alemanha. Estudava Direito quando a morte repentina de dois amigos o impressionou, levando-o a ingressar num convento. Ordenado monge em 1507 , tornou-se famoso com seus ensinamentos na Universidade de Wittenberg. Tudo até aí estava bem, quando foi enviado à Roma. Lá escandalizou-se com o luxo do Vaticano. Mal impressionado e com a venda de indulgências na Alemanha. Lutero rompe definitivamente com a Igreja: prega noventa e cinco teses na porta da igreja com críticas violentas ao que se passava no cenário eclesiástico. Condenado, é excomungado por Leão X. Não se intimida. Queima em praça pública a bula de papel. Martinho é o maior expoente desse movimento religioso. Fundou o Luteranismo, que num "protesto", para poderem divulgar o novo ensinamento em todos os Estados alemães, ganharam o nome de protestantes. Sua doutrina foi divulgada em muitos países da Europa.

Conclusão

O trabalho exigia muita criatividade e atenção, pois tinha que ser pesquisado em vários livros e ainda por cima fazer um desenvolvimento bem informativo. Busquei mostrar neste trabalho toda a história da Reforma Religiosa e mostrar como ela abriu caminhos para muitas pessoas, principalmente à nobreza.