Minas Gerais :

Geral

Maior estado do Sudeste e principal produtor de café e leite do país, Minas Gerais torna-se nos últimos anos o segundo estado brasileiro mais industrializado, atrás apenas de São Paulo, ultrapassando o Rio de Janeiro, conforme estudo de 1999 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Entre 1990 e 1998, cerca de 500 novas indústrias instalam-se em território mineiro, atraídas por incentivos governamentais, ampla rede de energia elétrica e facilidade de escoamento dos produtos para diversos pontos do país. O desenvolvimento industrial provoca um aumento de 5% nas exportações de Minas Gerais em 1998, que totalizam 7,6 bilhões de dólares. Tratas-se do segundo melhor desempenho do país, depois de São Paulo. Os produtos mais vendidos pelo estado são minério de ferro, aço, café, pedras preciosas, veículos e autopeças.

História

As Minas Gerais surgem no final do século XVII, com as primeiras descobertas de jazidas pelos bandeirantes paulistas. Em pouco tempo a região atrai colonos portugueses e escravos africanos, que buscam lavras de ouro e diamantes. A medida que cresce a produção, aumenta a fiscalização por parte da Coroa. Despontam conflitos pelo direito de exploração das minas, como a Guerra das Emboabas, que opõe mineradores paulistas e comerciantes portugueses e brasileiros, e a Revolta de Vila Rica, em reação à política fiscal de Portugal. Em meados do século XVIII, a mineração está no auge da capacidade produtiva a sociedade mineira vive o esplendor do barroco. Logo começa o declínio, provocado pelo esgotamento dos veios e a pesada tributação. Em 1789, a capitania deve à Coroa perto de 400 arrobas de ouro, ou aproximadamente 6 toneladas em quintos atrasados. Esse excesso de impostos alimenta movimentos favoráveis à independência, como a Inconfidência Mineira, na qual se destaca a figura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Após a independência, Minas começa a recuperar-se graças à expansão cafeeira, sobretudo no sudeste e em áreas vizinhas ao Vale do Paraíba. A província, uma das mais populosas do país, participa ativamente da vida política do Império. Junto com Rio de Janeiro e São Paulo, forma o núcleo do poder e a base de apoio do governo central contra as revoltas proviciais durante a regência. Na República, a força e o prestigio político da oligarquia mineira estão presentes na política do café-com-leite com os paulistas, com os quais se revezam na Presidência. e, quando essa aliança é rompida por São Paulo, pressionado pela crise do café, Minas reage aderindo à Revolução de 1930, que põe fim a República Velha.

Café e leite

Minas mantém a liderança nacional na agropecuária. A atividade ocupa quase 70% da área estadual e concentra-se sobretudo no sul, no sudeste e no Triângulo Mineiro. O estado responde por metade da safra brasileira de café, é o segundo maior produtor de feijão do Brasil, atrás do Paraná, e o terceiro de milho. A cultura de algodão, favorecida pelo aumento da cotação do produto, está substituindo o tradicional plantio de arroz. Produtor da maior safra de frutas do país, Minas Gerais se destaca no cultivo de abacaxi: 27,75% do total da produção nacional é obtido no estado. Dono do segundo maior rebanho bovino do país, ficando atrás somente de Mato Grosso do Sul, Minas é líder na produção de leite, com 6 bilhões de litros por ano, equivalente a 27,5% do total brasileiro, e o quarto colocado na de carne, com 606 mil toneladas. O estado responde ainda por 10% da produção nacional de ovos e de carne de frango.

Desequilíbrio Norte-Sul

Minas Gerais, entretanto, ainda não conseguiu resolver o desequilíbrio social e econômico entre suas regiões. Enquanto o Sul concentra as indústrias e grande parte da atividade agrícola, o norte, castigado pela seca, é uma das áreas mais pobres do país. Para atender os 2,8 milhões de habitantes dos mais de 200 municípios ali localizados, o governo estadual cria o Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Pequenas Comunidades do Norte e Nordeste de Minas. Iniciado em 1999, o programa está identificando as carências sociais da população local com o objetivo de implantar agroindústrias associadas à produção comunitária.

Arquitetura Colonial

Minas Gerais possui o maior número de municípios do país. Com quase todo o território localizado em planaltos, o estado tem uma paisagem marcada por montanhas, vales e grutas. Sua principal atração turística é o patrimônio de arquitetura e arte colonial conservado em cidades históricas como Ouro Preto, Mariana, São João Del Rei, Tiradentes, Sabará e Diamantina, entre outras, que prosperaram em virtude da extração de ouro no século XVIII. Em 1999, Diamantina é tombada pela Unesco ( Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ) como patrimônio histórico da humanidade e torna-se a segunda cidade mineira a integrar a relação da instituição. A primeira, Ouro Preto, foi tombada em 1980. No sul, os pontos turísticos são as estâncias hidrominerais, como Caxambu, Cambuquira, Lambari, São Lourenço e Poços de Caldas.

Participação política

Sempre dividido entre dois partidos tradicionais - Liberal e Conservador, no império, e Partido Social Democrático (PSD) e União Democrática Nacional (UDN), na República - , o estado continua a intervir na vida política do Brasil. Há o manifesto dos Mineiros de 1943 contra o Estado Novo, e eleição de Juscelino Kubistchek para a Presidência da República em 1955 e o apoio ao golpe de 1964. Até a década de 60, porém, Minas Gerais permanece num plano secundário em relação ao desenvolvimento industrial do país, mantendo-se como grande fornecedor de insumos - como minérios, energia elétrica, produtos siderúrgicos, químicos e agropecuários - a outros centros. A partir dos anos 70, com os incentivos fiscais dos governos federal e estadual, Minas amplia e diversifica sua base industrial, sobretudo nos setores têxtil, químico, mecânico-metalúrgico e agroindustrial. É criado também um polo automobilístico na região metropolitana de Belo Horizonte. Essa crescente industrialização reduz o setor primário, provocando êxodo rural e grande aumento da população urbana.

Revoltas ocorridas em Minas

Revolta de Vila Rica: Também conhecida como revolta de Felipe dos Santos, é um movimento de reação à política fiscal de Portugal, especialmente após a criação oficial da Casas de Fundição, em 1719.

Inconfidência Mineira: Nas últimas décadas do século XVIII, a mineração entre em declínio com o esgotamento dos depósitos e o peso dos quintos, tributação correspondente à quinta parte de toda a produção. Desde 1740, essa cota está fixada em 100 arrobas (1,5 mil quilos) de ouro anuais, qualquer que seja a produção efetiva. Para a elite de mineradores, fazendeiros, comerciantes, contratadores (arrecadadores de impostos), padres e intelectuais, o empobrecimento das vilas é resultado da dominação portuguesa, da opressão fiscal e da corrupção das autoridades. A sociedade mineira reage contrabandeando ouro e diamantes e promovendo amotinações e conspirações para justificar o atraso no pagamento dos quintos. A metrópole aumenta a fiscalização e ameaça executar a derrama, a cobrança dos impostos atrasados.

Derrama: No início de 1789, o governador de Minas, visconde de Barbacena, anuncia a derrama para arrecadar 596 arrobas (8.940 quilos) de ouro. Essa notícia revolta um grupo de conspiradores que se reunia clandestinamente em Vila Rica para discutir o futuro do Brasil. Entre eles estão intelectuais como José Álvares Maciel, Tomás Antonio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manoel da Costa, os padres Luís Vieira

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